Kica de Castro

“Ser diferente também tem seu lado belo”

Apresentação

Ousadia, responsabilidade e ética! Essas são as principais características do trabalho de Kica de Castro - Agência de modelos para pessoas com deficiência, tem como objetivo lançá-los no mercado publicitário e provar que beleza e deficiência física não são duas expressões contraditórias.

Novidade

A agência dá um passo revolucionário na inserção de pessoas com deficiência no mercado publicitário, com a série de books fotográficos ROMPENDO BARREIRAS. Agora, os ensaios fotográficos dos seus modelos preferidos estão disponíveis e de forma exclusiva para atender à clientela mais exigente. Saiba mais...

INCLUSÃO NA SEXUALIDADE

Quem viveu na década de 90, encontrou o assunto sexo em todos os lugares o tempo todo. Mensagens eróticas, ora refinadas, ora bem vulgares, em exagero pelos veículos de comunicação, de cartazes nos muros, pixações, arte das ruas, telas de televisão, de filmes e de músicas, em uma quantidade que arrisco afirmar que ficaram banais e até invisíveis em algum momento. Hoje é muito comum ver criança, com menos de 5 anos, em festas familiares, programas de TV dançando um funk, axé ou qualquer música do momento, fazendo gestos que lembram o ato sexual e a família achando tudo uma “gracinha”, icentivando com palavras positivas e até mesmo aplaudindo de pé. Nesses casos, não seria melhor curti uma música mas apropriada? Em meio a tanta pedofilia deixar a criança exposta a certas situações não é o aconselhável. Isso acaba incentivando a curiosidade precocemente. Existe o limite para cada situação e momento certo para todos os aprendizados da vida. Agora quando o assunto é a sexualidade da pessoa com deficiência, acaba sendo rotulado como um assunto tabu. Não importa a idade do deficiente, ele pode ser maior e vacinado, que o assunto sexo parece ser proibido. Em 2006, tomei conhecimento de um espanhol, cadeirante, que na epoca estava com 23 anos e foi o primeiro ator porno com deficiência. O que pensar sobre esse assunto? A pessoa com deficiência caiu na vulgaridade? Quem pensa que sim, esta completamente enganado. A pornografia não é o caminho para falar sobre a sexualidade da pessoa com deficiência, porém, com o assunto de ver um ator deficiente pôrno, não tive dúvidas em ser uma das pessoas que elogiou a coragem e a ousadia desse jovem. A poucos dias recebi um e-mail de uma amiga, falando sobre a postagem de um blog, com o seguinte comentário: “ Amigaaaaa, olha o que eu achei!!! Até que enfim temos algo para nosso deleite!!!”... Pensei assim – Lá vem outro vírus!!! Afff!!!Mas de curiosidade morreu um gato e eu abri me surpreendi com o que vi e adorei em saber que temos hoje esse assunto de volta, também fiquei feliz de ver alguém acreditando que podemos TUDO, desde que haja espaço e ousadia. Na hora de clicar no link, nem prestei atenção no que estava clicando, depois que abriu gostei de ver que o blog de outra grande amiga, o link era do blog Deficiente Ciente. E que acabou espalhando esse assunto tão “antigo” em outros blogs, sites e alguns debates virtuais. O assunto pode ser antigo, mais a discussão de palestras educativas sobre a sexualidade e recente, digamos que começou a ter força em 2010.Josito, o primeiro ator pornográfico com deficiência, é um rapaz que está a frente também de toda esta discussão da sexualidade da pessoa com deficiência, de uma forma que aos olhos da sociedade erronêa, vergonhosa, mas que todos vão lá e dão uma espiadinha e fazem coisas a mais, sem ter a coragem de admitir que qualquer caminho que seja usado sempre terá um ponto final único: os direitos sexuais e reprodutivos deste segmento, o desejo de continuar vivendo e experimentando emoções e sensações como todo mundo. Quando ele menciona que quer fazer “barulho” já tinha noção que seria um tema pesado e carregado de preconceito, porque a sociedade nos enxerga seres “iluminados e assexuados”, sem o interesse de paqueras, namoros,e atividade sexual, pois quem vai olhar essas pessoas imperfeitas num mundo que procura a perfeição física e faz o culto a beleza padronizada na década de 60?Depois desse filme, ou melhor, depois de trazer esse assunto novamente nas pautas, garanto que muitas pessoas, ditas normais, vão começar a prestar atenção em nós, pessoas com deficiência. Agora resta saber quem se habilita em ser a primeira mulher com deficiência ousada em fazer um filme desse tipo? Lembrando que pessoas que dão depoimentos pessoais, em palestras, ou que transformam suas experiências em palestras, não deixam de ser formas de expor suas experiências sexuais de uma forma menos ousada e/ou explicita.

Até uma próxima oportunidade para debater sobre o assunto sexualidade!

Márcia Gori - 12 de julho de 2011